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Conhecendo a Figura Complexa e Fascinante do orixá Exu

Desvendando os mistérios e a importância de Exu nas religiões de matriz africana.

Olá, leitores curiosos. Hoje mergulharemos em um tema fascinante e muitas vezes mal compreendido: o orixá Exu. Muitos enxergam Exu como uma figura “assustadora”, mas na verdade, sua importância transcende essa percepção superficial. Nas religiões de matrizes africanas, Exu desempenha um papel crucial, e seu culto está intrinsecamente ligado à história do negro brasileiro.

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Ao compreendermos Exu, não apenas enriquecemos nosso conhecimento sobre as tradições religiosas afro-brasileiras, mas também ganhamos insights valiosos sobre a história e a cultura do Brasil. Como afirmou a educadora Lisandra Pingo, estudiosa das representações de Exu na música brasileira, entender esse orixá é essencial para compreendermos mais profundamente a complexidade da sociedade brasileira.

A pesquisa de Lisandra, apresentada na Faculdade de Educação da USP em 2018, lançou luz sobre as múltiplas facetas de Exu, explorando sua representação em canções brasileiras. Essa análise revelou como Exu foi muitas vezes mal interpretado e associado a aspectos negativos, refletindo preconceitos enraizados na sociedade brasileira.

No entanto, a pesquisa de Lisandra não apenas identificou esses estereótipos, mas também destacou a importância de desmistificar Exu, não apenas como uma ferramenta para combater o racismo, mas também como um meio de promover a inclusão das culturas africanas e afro-brasileiras no ensino público.

Por que Exu é uma das figuras mais louvadas (e estigmatizadas) da umbanda e do candomblé

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Exu, cultuado na África pelo povo iorubá, entrou no Brasil durante o período da escravidão, através das práticas religiosas do candomblé. No entanto, sua imagem acabou sendo estigmatizada pelo catolicismo, que o associou a uma figura demoníaca.

O orixá Exu é do mal? Mitos e verdades

A pesquisa destaca a associação de Exu com o demônio cristão, uma ideia difundida inicialmente pela igreja católica e posteriormente adotada por igrejas evangélicas, incluindo as neopentecostais. Atualmente, é comum encontrar cultos nessas denominações que se voltam exclusivamente para a “expulsão” de demônios, muitas vezes incluindo Exu nessa categoria.

O estudo também aborda aspectos históricos, como a diferenciação feita pelo padre José de Anchieta entre o “diabo cristão brasileiro” e o “diabo cristão europeu”. Enquanto se acreditava que o primeiro era uma criatura debochada e zombeteira, similar à figura do Saci, o outro surgia como sombrio e horrendo. A igreja católica usou essa diferenciação para estigmatizar não apenas Exu, mas também os povos indígenas e africanos.

A identificação de Exu com o negro brasileiro também está relacionada aos estereótipos atribuídos a essa figura pelo catolicismo, como sua natureza zombeteira e debochada. Esses estereótipos, enraizados desde os tempos coloniais, reforçam a associação entre Exu e o racismo. A criação da Umbanda em 1917 aproximou ainda mais a imagem de Exu do contexto brasileiro, especialmente através de figuras como José Pelintra e a Pomba Gira, conhecidos por sua habilidade em “dar um jeitinho” em diversas situações.

1ª Marcha para Exu

Jonathan Pires, um empresário com uma vasta influência nas redes sociais, conhecido como “o macumbeiro mais famoso do Brasil”, tem se destacado por promover uma visão alternativa dentro do cristianismo.

O orixá Exu é do mal? Mitos e verdades

Sua notoriedade contribuiu significativamente para o sucesso da 1ª Marcha para Exu, um evento realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, em 13 de agosto do ano passado. Segundo Pires, o evento atraiu aproximadamente 100 mil participantes.

A realização dessa marcha ganha relevância considerando a controvérsia em torno da figura do orixá Exu no imaginário popular brasileiro. Enquanto as religiões de matriz africana reverenciam Exu, como a umbanda e o candomblé, no contexto geral, muitas vezes associa-se a ele conotações negativas, em grande parte devido ao preconceito racial.

Motivado a mudar essa percepção negativa, Jonathan Pires, que também é sacerdote de umbanda e proprietário de uma loja de artigos religiosos em São Paulo, organizou a marcha como uma forma de promover uma nova compreensão e aceitação de Exu na sociedade brasileira.

Mas, quem é o orixá Exu?

A definição de Exu, conforme apresentada por Lisandra em seu estudo, reflete a complexidade dessa figura dentro do panteão iorubá, conforme descrito no livro “Exu e a ordem do Universo“, de Sikirù Sàlámi e Ronilda Iyakemi Ribeiro.

Considera-se Exu uma personagem controversa, possivelmente a mais controversa entre todas as divindades do panteão iorubá. Interpretam-se a sua natureza de diversas formas: alguns o veem como exclusivamente maléfico, outros reconhecem nele a capacidade de realizar atos tanto benéficos quanto maléficos, enquanto outros destacam seus traços de benevolência. Essa multiplicidade de aspectos se evidencia nos odus e nas narrativas orais iorubás, revelando sua habilidade como estrategista, sua inclinação ao lúdico, sua fidelidade à palavra e à verdade, bem como seu bom senso e ponderação, que possibilitam o julgamento com justiça e sabedoria. Essas características tornam Exu tanto intrigante quanto repulsivo para diferentes pessoas.

A análise das canções brasileiras escolhidas por Lisandra também revela definições semelhantes do orixá. Em algumas casas das religiões africanas e afro-brasileiras, Exu é visto como o guardião e protetor, desempenhando um papel crucial na defesa dos fiéis. No entanto, em outras canções, ele é retratado como um mensageiro entre os orixás e os seres humanos, transmitindo comunicações e influências divinas. Essa dualidade de papéis enfatiza a complexidade e a riqueza do caráter de Exu na cosmovisão das religiões afro-brasileiras.

O Exu na Diversidade de Representações

Mesmo na Umbanda, a figura de Exu é por vezes equiparada ao diabo, resultado de uma narrativa em que ele teria sido subjugado pelos próprios orixás. Essa visão é evidenciada na existência do Exu de Iemanjá, destacando a complexidade de sua representação.

Além disso, em diversas músicas, Exu é associado ao feminino, personificado na figura da pomba gira, e reconhecido como um trabalhador incansável. Desde 2015, Lisandra vem explorando canções que abordam Exu em suas letras, sendo a primeira delas uma interpretação da cantora argentina Mercedes Sosa, que retratava o diabo como uma figura branca.

Esse contraste despertou a curiosidade da pesquisadora, levando-a a questionar por que no Brasil Exu era associado à negritude, levantando a possibilidade de motivações racistas por trás dessa associação. Essa análise revela a complexidade das representações de Exu e sua relação com questões sociais e culturais profundas.

Revelações Musicais: As Associações de Exu nas Canções

Lisandra mergulha nas associações feitas a Exu, desvendando as nuances presentes em diversas composições. Nas canções “Gênesis” e “Tiro de Misericórdia”, de João Bosco e Aldir Blanc, respectivamente, percebe-se a essência da malandragem. Enquanto em “Quem me Guia”, interpretada por Almir Guineto e Beto Sem Braço, é implícita a presença de Zé Pelintra, numa reinterpretação do malandro.

Em “Lado B Lado A”, de O Rappa, composta por Marcelo Yuka e Marcelo Falcão, a relação entre Exu e Iemanjá se destaca, enquanto em “Só o ôme”, de Edenal Rodrigues e interpretada por Noriel Vilela, observa-se a figura de Exu como protetor, envolto em magia e trabalho. “Labareda”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, traz à tona a feminilidade associada a Exu e Pomba Gira.

Outra perspectiva surge em “Exu nas Escolas”, de Kiko Dinucci e Edgar, na voz potente de Elza Soares, explorando o papel de Exu como mensageiro nas escolas. Essas composições, com sua linguagem musical e literária, ampliam os ecos históricos e culturais que moldaram a imagem de Exu na sociedade brasileira.

Paralelamente à sua pesquisa, Lisandra também escreveu o livro “Negritude (en)cantada do Brasil – A trajetória sócio-cultural do negro narrada pelas canções brasileiras”, analisando como os afrodescendentes contribuíram para a construção da identidade brasileira por meio da música.

A Complexidade de Exu: Desvendando Mal-Entendidos

É comum encontrar equívocos sobre a verdadeira essência do orixá Exu, levando muitas pessoas a associá-lo a algo negativo. No entanto, essa visão está longe da realidade. Exu é um orixá trabalhador, defensor e reconhecido como o mensageiro e guardião dos terreiros, aldeias, cidades, casas, axé e do comportamento humano. Além disso, ele simboliza a comunicação, a paciência, a ordem e a disciplina, características que o destacam como uma figura complexa e multifacetada.

A Origem de Exu

Exu, de acordo com a cosmologia iorubá, foi a primeira divindade criada pela poderosa matéria de Olodumaré. Surgindo do solo avermelhado e lamacento, ele se tornou o elemento dinâmico responsável pela propulsão, mobilização, transformação e crescimento. Essa ligação íntima entre Exu e Olodumaré o posiciona como um mensageiro e intermediário entre os deuses e os seres humanos, participando do princípio de tudo o que existe. Como diz o ditado popular, “Sem Exu, não se faz nada”. Essa importância fundamental faz de Exu o orixá que recebe as oferendas em primeiro lugar nos rituais do Candomblé.

A Humanidade de Exu: Entre Mitos e Verdades

Exu, o mais humano dos Orixás, compartilha características similares aos seres humanos devido à essência comum na criação de ambos. Essa proximidade muitas vezes levou à associação equivocada de Exu com o Diabo, especialmente dentro da perspectiva cristã.

Gledson Lima, tarólogo e percussionista, esclarece que, de acordo com conceitos fundamentais do cristianismo, tudo que não está diretamente relacionado a Deus é associado ao Diabo. Exu, por sua proximidade com os seres humanos, carrega arquétipos semelhantes aos nossos, sendo considerado o orixá mais humano do Orun, o mundo espiritual na cosmologia iorubá. Essa semelhança se reflete em sua representação da rua, da bebida, das festas e da sexualidade.

Se compararmos Exu a um ser humano, ele seria aquele amigo que fala a verdade sem rodeios, orientando-nos a enxergar nossos erros e encontrar novos caminhos. Sua atuação está em sintonia com a energia que vibramos: se estamos no bem, ele nos auxilia no bem; se nos desviamos para o mal, Exu age de acordo com essa semelhança.

Quando incorporado por um iniciado, Exu dança de forma provocadora e sensual, segurando o “ogó”, um bastão que simboliza o sexo masculino. Essa expressão e os símbolos associados a ele frequentemente geraram confusão com o diabo da religião cristã, causando temor em muitas pessoas. No entanto, dentro da Umbanda, Exu está sincretizado com Santo Antônio, representando uma interpretação mais positiva e abrangente dessa entidade.

Abertura de Caminhos com Exu: Tradições e Rituais

Iniciar os rituais com o Orixá Exu é fundamental, pois ele é o guardião dos caminhos para o Orun, o mundo espiritual. Aceitando oferendas como farofa com dendê, bife acebolado e aguardente com mel de abelha, Exu é homenageado especialmente às segundas-feiras.

Oferenda Especial para Exu: A Magia da Transformação

Para realizar uma oferenda especial a Exu, comece fazendo um pedido mentalmente. Em seguida, corte uma cebola em quatro partes e coloque-a sobre um pratinho de papelão, acompanhada por sete moedas de qualquer valor. Deixe essa oferenda em um canto da sua casa, intocado, por 24 horas. Após esse período, despache a cebola e o prato debaixo de uma árvore, enquanto guarda as moedas na sua bolsa ou carteira.

Durante o ritual, repita as palavras: “Exu eni tí o se asise naa yipada si otun ati ki o pa awon ti ko to! Eni tí ní Exu, ní gbogbo” (“Exu, aquele que faz o erro virar acerto e o acerto virar erro! Quem tem Exu, tem tudo”). Essa oferenda é uma forma de buscar a orientação e a proteção de Exu, invocando sua influência para transformar os desafios em oportunidades e alcançar o sucesso em todas as áreas da vida.

Desvendando os Mistérios de Exu: Uma Jornada de Conhecimento e Reflexão

Ao longo desta conversa, exploramos profundamente a figura do orixá Exu, desvendando suas múltiplas facetas e desmistificando concepções equivocadas que o cercam. Desde sua origem na cosmologia iorubá até suas representações nas religiões afro-brasileiras, Exu emerge como um símbolo de complexidade e profundidade, refletindo aspectos da humanidade e desafiando estereótipos arraigados.

Através das análises de pesquisadores e das tradições transmitidas por praticantes, compreendemos que Exu não é simplesmente o “diabo” da religião cristã, mas sim um guardião dos caminhos, um comunicador entre os mundos espiritual e humano, e um catalisador de transformações. Sua natureza multifacetada o torna tanto um protetor quanto um provocador, um amigo que nos guia com verdade e franqueza.

É essencial reconhecer a importância de Exu na cultura brasileira e nas religiões de matriz africana, bem como celebrar sua diversidade e riqueza simbólica. Portanto, convidamos você a comentar e compartilhar suas reflexões sobre Exu, contribuindo para uma compreensão mais ampla e inclusiva dessa divindade tão singular. Juntos, podemos promover o respeito e a valorização das tradições e crenças que enriquecem nossa sociedade.

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Fonte
Estado de MinasJornal da USPTerra

Kleber Konkah

Kleber trabalha como Designer Gráfico há 21 anos e como produtor de conteúdo há 14 anos. Pai de 3 filhas, nerd de carteirinha, assiste filmes, desenhos e séries todos os dias e ama o que faz!

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